Exportação

Euvaldo Bringel: Exportação de frutas deve crescer 9,5% no Ceará em 2010


Presidente do Instituto Frutal lista preocupações para setor, entre elas educação e inovação. Estado é o maior exportador de frutas e flores do País


Por Hugo Renan do Nascimento

portodopecemCom um setor de frutas cada vez mais promissor, o Nordeste, e principalemente, o Ceará, se preparam para os novos desafios em um futuro próximo. Para enfrentar isso, estudos, pesquisas, feiras e outros mecanismos são responsáveis por uma maior capacitação de mão de obra e inovação tecnológica. O presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, fala ao InvestNordeste sobre como enfrentar estas necessidades para que o segmento continue crescendo, atraindo investimentos nacionais e internacionais e aprimorando o desenvolvimento socioeconômico essencial para a região. A 17ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria (Frutal) iniciou esta semana em Fortaleza com a preocupação com educação e inovação para o segmento. "A expectativa é que as exportações de frutas no Ceará terminem o ano em US$ 115 milhões, o que corresponde a 9,5% de expansão em relação aos US$ 105 milhões exportados pelo segmento em 2009 no Estado", enfatiza Bringel. Juntos, os portos do Pecém e Mucuripe são responsáveis pela metade das exportações no Brasil. A manutenção desses resultados requer atenção governamental e investimentos em inovação tecnológica.


InvestNordeste - Atualmente, o Ceará é o maior exportador de frutas e flores do País. O que tem sido feito para manter o Estado neste patamar?
Euvaldo Bringel
- Estamos trabalhando em várias frentes que se complementam, fazemos um forte trabalho de promoção das nossas frutas, divulgando as frutas e flores do Ceará nas feiras nacionais e internacionais, em feiras com Fruitlogistica na Alemanha, onde nós fomos o único estado brasileiro que tinha um estande próprio. Levamos grupos para conhecer regiões mais desenvolvidas em tecnologias que podemos adaptar a nossa realidade, estamos fazendo uma ampla capacitaçao de nossos produtores especialmente os pequenos, estamos ampliando os nossos principais polos de irrigação, entre outras medidas, viabilizamos estudos para desenvolver novos processos, como por exemplo, a água de coco, permitindo chegar ao mercado americano, democratizando informações e tecnologias desenvolvidas nas nossas instituições de pesquisa.

IN - Que ações foram feitas para que o Estado chegasse a estes resultados?
EB
- O Estado vem por seguidos anos, iniciamos em 94 o movimento Frutal, fazendo um trabalho contínuo de promoção das áreas irrigadas objetivando atrair empresas e redirecionar os empresários locais para a fruticultura, assim é que os empresários que hoje fazem sucesso na fruticultura eram investidores em outras áreas no Estado e socializamos as informações dos instituto de pesquisa, readaptamos linhas de financiamentos, assistência técnica, mobilizamos a sociedade em torno da ideia que fruta gera emprego e deve ser incentivada, e melhoramos as condições de infraestrutura de estradas e portos. Além, é claro, de estudo de novas tecnologias, capacitação profissional com ensino de qualidade.

IN - O senhor fala em ações do Governo do Estado para o agronegócio a partir de acompanhamento sistemático, resultando nos valores das exportações de frutas. Que ações são essas e o que o governo tem feito para incrementar e incentivar estes resultados positivos?
EB
- Por exemplo na construção de estradas de interesse do setor, como estrada da fruta, estrada do melão, ampliando o Porto do Pecém, hoje o principal porto exportador de frutas do País, criamos no âmbito da Adece [Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará] as câmaras setorias de frutas , outra de flores e todas as demandas destas câmaras são levadas ao governador ou a seus secretários para atendimento e sistematicamente têm sido atendidas ou negociadas as alternativas.

IN - A 17ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria (Frutal) é um evento voltado para o conhecimento, inovação, tecnologia do setor de frutas. Qual a contribuição da Frutal para tais desempenhos do Estado no segmento em referência?
EB
- O Instituto Frutal e as instituições parceiras têm, já nos eventos realizados, contribuído de forma efetiva para a difusão de conhecimentos e acesso à tecnologia. Publicamos 211 livros, apostilas e trabalhos técnicos e 454 mil pessoas visitaram nossa feira em Fortaleza, quando conheceram os produtos inovadores apresentados nos estandes e participaram das 568 palestras, seminários, painéis, fóruns, mesas redondas e cursos, com os melhores especialistas do Brasil. A cada ano cerca de 220 palestrantes, coordenadores e debatedores falam sobre novas tecnologias.

São contribuições muito grandes, porque mantêm nossos produtores na ponta em tecnologia, traz compradores do exterior e de outros lugares do Brasil, mostra para os produtores opções de equipamentos e tenologias adequadas à sua realidade, aumenta o intercâmbio entre os produtores fornecedores e pesquisadores.

IN - Este ano, a Feira deve tratar de educação e tecnologia. Qual o cenário atual no Ceará no que consiste em inovação e tecnologia para o setor?
EB
- No Ceará, está em curso um dos maiores programas brasileiros de implantação de escolas técnicas. São 128 novas escolas técnicas em tempo integral,que formarão os nossos trabalhadores e empreendedores para as vocações de cada região, temos aqui os Centecs [Centro de Ensino Tecnológico] e CVTs [Centros Vocacionais Técnicos] que fazem um diferencial muito grande em capacitação, praticamente todos os técnicos de nível médio das nossa empresas são formados por estas instituições.

IN - Qual a importância destes vetores (educação e tecnologia)  para o segmento de frutas?
EB
- O Norte e o Nordeste têm as piores bases do País. Na área rural, então, ainda é pior. Para produzir material mais elaborado é preciso pessoas mais preparadas para incorporarem novas tecnologias ao dia a dia. O acesso à informação e à tecnologia conseguiu transformar o sol em aliado no Ceará. Viramos referência no mundo em frutas tropicais, porém, ainda somos vítimas da baixa escolaridade. Desenvolvimento só se faz com educação. Foi a partir da educação que todos os países cresceram e isto é essencial no processo.

IN - Quais as expectativas quanto o volume de negócios que a Frutal vai movimentar este ano? Será acima do que no ano passado? Em quantos por cento?
EB
- Negócios da ordem de R$ 25 milhões devem movimentar a Frutal 2010. No ano passado, foram gerados R$ 23 milhões a partir da Frutal, o que serve de base para um crescimento de 8,6% este ano. Os números, estimados servirão de impulso para ampliar as exportações do setor este ano. A expectativa é que as exportações de frutas no Ceará terminem o ano em US$ 115 milhões, o que corresponde a 9,5% de expansão em relação aos US$ 105 milhões exportados pelo segmento em 2009 no Estado.

IN - O mercado nordestino é amplo na produção de frutas, mas a exportação dos produtos se concentra no Porto do Pecém. Isso é saudável para o setor?
EB
- Para o Ceará, principalmente, é muito saudável, devo lembrar que o porto do Mucuripe também tem muita importância neste processo. Os dois juntos respondem por quase metade de todas as frutas embarcadas no País o que faz do Ceará um grande centro de logística, que atrai todos os elos da cadeia da fruta e isto gera ecnomia e garante a expansão sustentada da nossa fruticultura.

IN - Algumas empresas estão investindo no Nordeste, no segmento de frutas. Qual o maior gargalo para estas empresas na região?
EB
- Temos muitos ainda na áreas de meio ambiente com longas demoras nas liberaçoes de áreas e definição do que realmente pode fazer. O custo Brasil, impostos, burocracia e sobretudo o custo adicional na folha de pagmaneto torna o País sem competitividade em vários setores. Temos boas condições naturais, mas não temos competitividade em ambiente empresarial.

IN - Como enfrentar o desafio da qualificação da educação para o desenvolvimento do segmento tanto no Ceará como no Nordeste?
EB
- No Ceará, estamos num processo contínuo de ampliação da capacitação, de técnicos e trabalhadores. Seja pelos cursos realizados em eventos como a Frutal, mas sobretudo porque está em andamento um dos maiores programas do País de implantaçao de escolas técnicas com alunos do ensino fundamental, tendo aulas em tempo integral. Estas 128 escolas construídas e em construção têm cursos voltados para as vocações dos municípios,  elas serão um grande diferencial do Ceará. Foi lançada agora a Unilab[Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira], universidade que terá 50% dos alunos do Brasil e a outra metade dos países da África e de Língua Portuguesa, temos também os Centecs e CVTs que hoje formam os técnicos das empresas de fruticultura.